O ex-ministro da Justiça Sergio Moro criticou a atuação de Jair Bolsonaro no combate à pandemia de coronavírus. Em entrevista exclusiva à TV Globo, exibida no Fantástico deste domingo (24), ele também condenou a política armamentista defendida pelo presidente na fatídica reunião ministerial de 22 de abril.
“O presidente tem uma posição negacionista da pandemia. Ele foi alertado para a escalada de morte, o ex-ministro (da Saúde Luiz) Mandetta pode falar sobre isso, mas falta um planejamento”, disse Moro.
“Em nenhum momento se pode concordar que o armamento sirva, de alguma forma, para que as pessoas possam se opor, de forma armada, contra medidas sanitárias”, afirmou o ex-ministro, em referência a argumentação de Bolsonaro na reunião, que defendeu diversas vezes “armar o povo” para “evitar uma ditadura” e criticou a prisão de pessoas por descumprirem regras de isolamento social, atacando governadores.
Moro disse ainda que a prisão, nestes casos, está dentro da norma legal. Ele voltou a falar da interferência do presidente na Polícia Federal, que foi “a gota d’água” para a sua saída, mas também reclamou de “substituições bastantes questionáveis do ponto de vista técnico” em outros setores, como Meio Ambiente e Saúde.
“Eu também me sentia desconfortável com essa gestão”, disse. “Em relação à pandemia, muito pouco construtiva”, completou.
Morde e assopra
Em boa parte da entrevista, Moro foi colocado na parede pela jornalista Poliana Abritta por ter falado pouco na reunião e por ter permanecido 16 meses em um governo onde identificou irregularidades.
No entanto, momentos de jogada ensaiada apareceram na conversa. Ao novamente dizer que o vídeo da reunião e os atos do presidente provam a interferência de Bolsonaro na PF para blindar familiares de investigações, dois argumentos de Moro já tinham sido trazidos pela própria Globo.
Com informações da Revista Fórum